Em busca da verdade, mas ainda perdido no meio do caminho...

segunda-feira, janeiro 30, 2006

São Paulo, 452 anos de garoa

Juliana Gonçalves

A Folha Online lançou no dia 24 de janeiro a seguinte pergunta: O que você costuma fazer no dia do aniversário de São Paulo? A enquete mesmo sem valor científico e correspondendo apenas ao número de leitores do site, chama atenção pelo seu percentual. Dos 50 votos recebidos, 27 optam por ficar em casa descansando, contra os 12 que preferem ir a programas oferecidos pela prefeitura, e os 11 que gostam de comemorar bem longe da cidade e vão viajar.
Bom, q uem ficou em casa no aniversário da cidade no dia 25, sem dúvidas perdeu ótimas oportunidades. Como eu mesma cometi esse engano nos últimos anos da minha vida, decidi que nesse quadringentésimo qüinquagésimo segundo dia de comemoração eu, paulistana até na chuva, não ficaria de fora.
Com o auxílio do passe de metrô e a integração do ônibus, um litro e meio de água e mais dez reais e cinqüenta centavos, parti da zona lente da cidade para o centro, sobrevivi ao calor, almocei e apreciei a programação gratuita. Afinal São Paulo é, em todos os sentidos, a cidade da economia.
O roteiro foi simples, primeiro a Cadetral da Sé e o marco zero de São Paulo, em seguida o Páteo do Collégio onde o Prefeito José Serra e o Governador Geraldo Alckmin discursaram lado a lado. Serra, em seu discurso, desejou que a cidade voltasse a ser a terra das oportunidades. Quem sabe assim ele terá a que tanto deseja, ser candidato à presidência. Ele não perdeu a oportunidade de declarar toda a sua eficiência. Então, São Paulo continua sendo a terra das oportunidades e dos oportunistas também.
A próxima parada foi o bolo do Bixiga que já faz parte do ritual de celebração de alguns paulistanos e de umas figuras do além. Como é o caso de Raul Seixas e do falecido, (Deus já o tem) Papa pop João Paulo II, até o rei Pelé compareceu junto com a galera do Pânico na Tv. O bolo, que terminou em 4 segundos, foi pouco, eu precisava de algo com mais sustância, e tipicamente paulistano. Exceto o pastel de bacalhau, muito pequeno para minha fome, a única opção que me veio à mente foi o sanduíche de mortadela do Mercado Municipal, que acompanhado de bebida sai em torno de 10 reais e 50 centavos.
Do Mercadão, fui direto para a Avenida Paulista. Com entrada franca o espaço Cultural Citigroup expõe até 17 de fevereiro o trabalho do fotógrafo Tuca Vieira. As fotos são acompanhadas do texto do colunista da Folha, Marcelo Coelho. São Paulo- Contraste De Uma Metrópole Sem Limites capta a alma da cidade, ora de maneira delicada ora surpreendente.
De lá, graças à integração do bilhete único, fui sem maiores custos para o Parque da Independência onde ocorreram apresentações de Paulinho da Viola, Naná Vasconcelos e Cordel do Fogo Encantado. No intervalo entre o Viola e o Vasconcelos nada mais paulistano do que andar no jardim do Ipiranga e olhando para o Museu pensar: Mas como a família Real não morou aí dentro?!
Antes da atração final realizada pelos pernambucanos do Cordel, uma convidada mais que especial apareceu, a chuva. No aniversário de São Paulo, como não poderia deixar de ser, choveu, choveu, choveu.... Foi como um batismo, um sinal de renovação, um “feliz aniversário” vindo de cima ao som de muito batuque da banda.
Com certeza valeu a pena sair de casa nesse feriado. Descansar no dia 25 de janeiro, de hoje em diante, nem pensar!

sexta-feira, janeiro 20, 2006

“Você tem opção. TV é concessão pública!”

Juliana Gonçalves

A frase acima tão verdadeira e na prática pouco usada, para muitos já esbarra na questão: concessão pública x propriedade privada. Para além da discussão órgãos de imprensa privados que atuam na esfera pública e são legitimados ou não por ela, existem situações inovadoras. Quem sintonizou a TV no canal 9 de São Paulo (Rede TV), entre os dias 12 e 20, obteve uma agradável surpresa. Às 16 horas era exibido Direito de Resposta com uma hora de duração e apresentação de Anelis Assumpção, cedida pela TV Cultura.
O programa foi idealizado por seis Ongs defensoras dos direitos humanos em conjunto com o Ministério Público Federal. Essa mesma parceria conseguiu retirar do ar o programa Tarde Quente de João Kleber e, em seu lugar, transmitir Direito que já em sua vinheta de abertura traz a seguinte frase: “o sensacionalismo da mídia é muito feio!”.
Temas distintos foram abordados a cada dia da semana; dois convidados, capacitados a falar sobre o assunto, eram interpelados por Anelis de forma simples e esclarecedora. Afora as duas pessoas em estúdio, outras elucidações eram feitas por diferentes autoridades através de depoimentos gravados. Esse foi o caso da professora de Direitos Humanos Flávia Piosevan. Com formato simples e dinâmico, o conteúdo oscilante entre o didático e o profundo, permitia ao telespectador um tempo para raciocinar e assim também formar sua opinião.
O quadro tele-visão enlaçava a questão proposta com a abordagem dada sobre ela na televisão. Isso ocorria através de opiniões de gente do meio, como por exemplo, o Presidente da Rádiobrás, e também jornalista, Eugênio Bucci.
Trechos de documentários de Ongs e instituições como Viva Rio, Ação Educativa, Consulado da mulher etc., eram colocados no ar ao final de cada transmissão. Assim como vídeos de produtoras pequenas, tais como Joinha e Miração Filmes. Desta forma o programa valorizava a produção independente que normalmente não tem espaço na TV aberta.
Direito de Resposta tem muito do que se gabar, foi uma iniciativa inédita, o resultado de uma luta que teve início em novembro de 2005. A Rede TV, após muitos tramites legais e finalmente um acordo, se comprometeu a pagar R$ 400 mil ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, e a exibir 30 programas produzidos pelas Ongs.
Tarde quente de João Kleber foi banido por disseminar uma imagem humilhante e estereotipada de alguns gêneros da sociedade, principalmente dos homossexuais. Direito de Resposta foi transmitido em seu lugar desde 12 de dezembro, e trouxe pela primeira vez sentido às palavras concessão pública. Normalmente quando a tela azul surgia e letras brancas eram usadas para esclarecer que a transmissão a seguir era de origem independente, o telespectador se preparava para os anúncios do Polishop e todas as maravilhosas, surpreendentes e inúteis quinquilharias que iriam desfilar na telinha. Ou ainda, mais um incrível broche cravejado manualmente pelas freiras tibetanas do Medalhão Persa.
É muito bom saber que não é só de propagandas que sobrevivem as concessões públicas. Infelizmente o espaço na TV é caro, e dificilmente será cedido de bom grado pelos santos, marinhos, macedos e tantos outros.
Uma chama se ascendeu com o programa Direito de Resposta, foi bom e estimulante enquanto durou, agora cabem as ongs, aos movimentos populares e a todos os seres pensantes com o controle-remoto nas mãos não permitirem que a Resposta pare por aí.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Um início

Todo final de ano é a mesma coisa: matérias congeladas, repetitivas e frustantes, dividindo o ano em catástrofes, mortes e significados de cores para passar a virada.
Ao ler e ver essas notícias, imagino as redações quase vazias, com uma dúzia de almas penando para fechar o jornal, procurando se abastecer nas agências noticiosas: Câmara em recesso (com ou sem pagamento), bolsas praticamente fechadas, o que fazer?
O nosso jeito será começar o "Entrementes", um espaço aberto para quem quer pensar no que a mídia faz (ou deixa de fazer).
A idéia surgiu da necessidade de tornar pública opiniões de pessoas que desejam debater sobre a comunicação e como esta afeta nossa percepção sobre a realidade.
Espaço para crônicas, reportagens, debates e poesia serão criados de acordo com o seu surgimento, mas precisamos principalmente da colaboração de pessoas que queiram publicar seus textos, nos criticar ou nos ajudar. Só não vale xingar a mãe. Nosso objetivo será criar uma comunicação realmente eficiente entre quem escreve e quem lê, aproveitando o espaço ilimitado da Web para não nos perdemos de vista.
Queremos perceber e conceber um novo estilo de criar uma notícia, para não chegarmos ao ponto de não suportarmos mais ler, assistir ou escutar um jornal. O fato será apenas a base pra uma discussão e para um debate mais profundo. Erros? Claro que irão aparecer, mas ao contrário de uma notinha ao pé da página o espaço será igualmente dado no blog (afinal não há limite de espaço!), e com a colaboração dos internautas poderemos progredir, afinal, somos apenas quatro estudantes...

Sobre seus criadores

Nos conhecemos na Universidade, éramos jovens unidos por uma única paixão: Jornalismo. Ah, e também pelo pastel do boteco da esquina. Faz tanto tempo... Vamos cursar o quinto semestre de jornalismo.
Experiência não há, vontade, há de sobra. O que fazer para publicar seus textos sem ter que se enquadar no manual de redação?
Realmente foi um longo parto para conceber o entrementes: só o nome levou uma duas semanas. Meses de planejamento e elaboração de pautas para... nada. Entre provas e seminários não encontrávamos tempo para fazer o site. Então pegamos uma das bases do site e incorporamos na nossa metodologia: Liberdade. Quem disse que nós, simples estudantes, estávamos condenados a sofrer com dead-line e planejamento com um simples blog? Como vamos fazer algo novo se carregamos o velho? É lógico que teremos algumas regras, não para nos limitarmos, mas para organizar o conteúdo a fim de facilitar a navegação.
Sem preconceitos, sem baixaria; aqui é um espaço de reflexão, para, nesse meio tempo, aprendermos a ser bons profissionais, sempre lendo o que o leitor quer dizer.